O sopro de Sísifo
Olhai! que na montanha do infinito
vai Sísifo, rolando a pedra imensa.
Das vezes que subiu sem recompensa
às vezes que desceu cansado e aflito,
existe um contraponto nunca dito,
que foge aos olhos, que confunde a crença...
Do bruto esforço, embora se não vença,
extrai-se o breve sopro que é bendito.
Subir rolando a pedra é colossal;
vê-la cair de novo é abismal.
Mas eis aqui o instante de prazer:
Quando outra vez pela montanha desce,
descansa, sonha, ri, se orgulha e tece
um artifício novo pra vencer.