SONETO ANFÍBIO

A vida, escorregadia, se esvai pelos igarapés
E me convida a repensar minhas origens –
A mulher que sempre foste e que ainda és –
A inebriar-me com seu amor e suas vertigens!

De entre rios e florestas, navegante,
Vejo surgir o dia – esplêndido encanto –
Que me traz a seiva da vida lancinante
E um febril desejo de ouvir-te o canto.

Onde andarás, rainha louca de minh’alma,
O que pensará de mim, você, hoje e agora,
Quando não tenho do amor senão o trauma

De ter amado pela minha vida afora
Uma mulher que me traduzia calma
Mas que sem dizer adeus se foi embora?!
 

Melgaço, Pará, Brasil, 5 de janeiro de 2010.
Composto por Jaime Adilton Marques de Araújo.
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