Renovação
Os sabiás, de modo desusado,
Nas tardes de setembro, seco e quente,
Soprando doce flauta assaz dolente,
Machucam fundo um peito angustiado.
Soturno, no horizonte avermelhado
Sem brilho, o Sol se esconde reticente,
Tão triste quanto o coração da gente,
Teimoso por bater descompassado.
Milagre, enfim, do inverno já findando,
E a primavera, em sugestão de cores,
Festiva chega em seu exato quando.
É tempo bom de retomar à vida
Arar os campos, cultivar as flores,
E abandonar a angústia sem medida.