ESPARTILHO
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, [...]
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
─ Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
[Miguel Torga]
Pra mim quiseste ser um espartilho,
Prendendo a minha vida em teus anseios,
Porém, o meu querer foi-te empecilho,
Rasgando o mais febril dos devaneios.
Do teu querer não gosto nem partilho,
Cobrir-me de ataduras e de arreios?
De ti agora, por fim, me desvencilho,
E meus caminhos sou quem delineio!
Liberta desse fardo de aturar-te,
Atrás dos meus desejos sigo, enfim.
Aqui, ali, além, por toda e cada parte,
Deixando vou de ser teu manequim!
A fútil foto exposta num encarte
─ Senhora e dona agora sou de mim!