VIL SAUDADE
Quando, esgotada, a esperança fenece,
descrendo de Natal em fevereiro,
o corpo combalido à terra desce.
E a saudade faz dali o seu canteiro.
O jardim da saudade logo cresce.
São flores de contornos lisonjeiros,
mas que o olor, dia a dia, desvanece.
Nesse arado é só mais um passageiro.
A esperança, esquecida em seu jazigo,
como o amarelo do campo de trigo,
remete, vã, ao dourado das lembranças.
E a vida, indiferente, segue… tonta.
Sem nem por um momento se dar conta
que a saudade é o carrasco da esperança!