Tu não me guardas

Da forma inculta que disponho, lento

Na vaga letra que ofereço cauto

Sou o autor da beleza que invento

Quando tua alma me toma de assalto

Se nos teus olhos ao mirar, me vejo

Estes são plácidos espelhos d 'agua

Sempre ao mirar-te encho-me de pejo

Esqueço as velhas e tão rotas mágoas

O sol que chamas quando tu despertas

È meu fanal que guia-me sereno

Invoca o espírito de distantes eras

Ah! Teus olhos pelos quais eu temo,

Que se mente em anjo, mas és veneno

Que não me guarda, mas me desesperas.