A noite nasceu fria, sorrateira.
As lamúrias dos ventos insistiam em compadecer
Aos espíritos fadados à própria ventura, sem luz, ó sofrer!
Protesto às almas que comigo, aqui ainda dormem.
 
E entre as lápides, desperto ao som dos cânticos da feiticeira.
Bruxa infernal, entoava a complacência da besta para aquele que virá morrer.

Pobre faísca viva, muito em breve tua carne por entre nós virá a apodrecer.
Se pudesse, juro que revelava a ti, que tu tens ainda a noite inteira.
Conto-lhes os números em regressiva, dez, nove, oito.
Se soubesses da morte certa, o que farias? Fugirias afoito?
E para onde? Do destino não é possível esconder.
 
O sono profundo é maldição, crê em mim.
Engana o festejo dos imortais, fadar-se à perpetuidade, sem fim.
Depois que jaz à sepultura não há mais o que se fazer.
Claíse Albuquerque
Enviado por Claíse Albuquerque em 01/10/2021
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