Soneto I

Há tanta coisa que não cabe em meu ser

Que escorre nos olhos, escorre nos dedos...

E se não fossem meus muitos medos

Eu contaria tudo a quem pudesse crer.

Mas o inverso é mais fácil conceber!

Quê importa ao mundo meus segredos?

Minha dor é apenas mais um dos enredos

Que se recebe da vida logo ao nascer.

Deixem-me em paz com meus próprios sisos!

Que manterei sempre em dia os sorrisos

— Gesto mecânico aos meus semelhantes.

E se satisfaçam com o meu desalento

Pois nenhum de vós conhece o tormento

Que rasga meu peito em noites pujantes!

Ítalo Jardim
Enviado por Ítalo Jardim em 30/09/2021
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