Se tudo fosse...

Se tudo fosse claro,
o mundo nos pareceria inútil,
a morena na roseira seria frívola,
o corpo orvalhado da terra supérfluo.

Se tudo fosse fácil,
a solidão do poeta seria incrédula,
o brilho do dia descomplicado
faria soar o som do dia nascendo.

Se tudo fosse tangível,
o óbvio da contemplação
exalaria o cheiro axiomático da clareza.

Se tudo fosse acessível,
o tom seria confundido com a voz falada,
em peça cantada, no recital da despedida.