SÁBADO
queimei meus ídolos
ao pé do altar que logo também se consumiria
nas mesmas chamas de tanta cantilena e homilia
para purificação
queimei meu coração
diante da imagem daquele que um dia me foi caro
num fogo de rubro tom, deveras crepitante e raro
para renascimento
minha boca repetiu uma prece
à velocidade da aranha que tece
a teia de sua sustentação
enquanto meus ouvidos
claramente decididos
alimentavam o esquecimento