Eu, o Destino
Walter S. BarbosaMe chames tu de amigo, ou inimigo
Conforme está teu gosto interesseiro,
Sou o Destino e trago o mundo inteiro
Sobre meus ombros como um grão de trigo.
Também seu Carma e rasgo esse postigo
Que ora te oculta a volta do ponteiro,
E teu algoz – o Tempo – é meu obreiro
Nos rituais do prêmio ou do castigo!
Mas, se de males tantos levo a fama,
Ao próprio homem cabe armar a cama
Dos aguilhões de fogo em que se deita:
Se pela mão esquerda serve a esmo
De negro fel aos outros, p’ra si mesmo
Serve outro tanto, igual, na mão direita!