Escuto-te, Cigarra, o tempo inteiro,
porquanto sou, também, despreocupado!
Estou do meu trabalho aposentado,
zanzando, passo o dia, no terreiro.
 
Diverso do Olegário, conselheiro,
não vou te endereçar atroz recado,
(Que dar conselho está tão desusado...)
Nem mais se põe comida no celeiro...
 
Por isso, canta, canta, minha amiga!
Bem pouco vale ser que nem formiga,
de sol a sol, no mais cruel labor.
 
Porque, mais que do pão de cada dia,
o mundo está faminto de poesia,
que ajude a mitigar a humana dor.



Magnífica e honrosa interação do Grande Sonetista Humberto Cláudio:
O INSETO MENESTREL

 Que conselho eu daria a essa cigarra, 
 Que passa o dia assim, cantarolando? 
 Que como os animais, não vive em bando, 
 Mas, solitária, a vida em versos narra?
 
 Quem sabe o que a cigarra está cantando, 
 Com essa voz que alguns acham bizarra, 
 E outros confundem com a voz da farra...  
 Quem sabe, ela deve estar louvando! 

 Cigarra é um inseto menestrel 
 Que cumpre fielmente o seu papel  
 Alheia se aprovamos seu cantar, 

 Posto que presta contas ao Criador 
 Que pôs no seu biquinho um bom louvor 
 Para somente a Ele aqui adorar!

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 22/09/2021
Reeditado em 20/01/2022
Código do texto: T7348258
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