Das uvas de Esopo
De súbito, a raposa interessada
De as vinhas alcançar, no esforço vão,
Saltando o mais que pode, estende a mão,
Tocando as folhas, mas nas uvas nada.
Nas tentativas, fica, enfim, cansada.
A face expressa a funda frustração.
Desiste da empreitada e vai-se, então,
De azeda, tacha a fruta cobiçada.
Se quem desdenha quer comprar, suponho
Que seja exato ao que passei, um dia,
Ao desdenhar frente ao frustrado sonho.
Não tendo o beijo da fatal morena,
Embalde todo esforço que fazia.
Bem claro, eu disse: - Nem valia a pena.