SOBREVIVÊNCIA 

Mauro Pereira


O joio viçando em meio aos trigais.
As ervas daninhas brotando nas pedras.
Os vermes fartando-se em bolos de merda.
E o homem criando e comendo animais.

 

Em meio ao fedor, carniceiros brutais,
Só ossos e dentes e penas e cerdas,
Após o banquete, eles deixam pra tras.
É o fim da carniça e a vareja ali medra.


Esgaçam seus nacos de tripa e engolem.
Besouros, de costas, rolando estrume.
E todos levando o repasto da prole.

O nojo que eu, com meu verso, suscito,
É a sobrevivência, a que a morte nos une,
aos que nos devoram sem norma e sem rito.

Uberaba, 13 ago 2021

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MAURO PEREIRA
Enviado por MAURO PEREIRA em 10/09/2021
Reeditado em 13/09/2022
Código do texto: T7339489
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