SOBREVIVÊNCIA
Mauro Pereira
O joio viçando em meio aos trigais.
As ervas daninhas brotando nas pedras.
Os vermes fartando-se em bolos de merda.
E o homem criando e comendo animais.
Em meio ao fedor, carniceiros brutais,
Só ossos e dentes e penas e cerdas,
Após o banquete, eles deixam pra tras.
É o fim da carniça e a vareja ali medra.
Esgaçam seus nacos de tripa e engolem.
Besouros, de costas, rolando estrume.
E todos levando o repasto da prole.
O nojo que eu, com meu verso, suscito,
É a sobrevivência, a que a morte nos une,
aos que nos devoram sem norma e sem rito.
Uberaba, 13 ago 2021
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