Onde está tudo?

Pergunto-me agora o que há dentro de mim

De que é feito o veneno que desmorona tudo

O enorme vazio que faz tudo parecer miúdo

Corrói minha madeira o meu próprio cupim

Não sinto perfume algum em meu jardim

Sei que existiu, que ainda está lá, contudo

Encontro-me também tão cego quanto mudo

Há em mim uma revolta constante, um motim

Não sei o que sou, tudo em mim é distante

Parece que machuco a todos a todo instante

Minhas quimeras infantis, onde estão?

Refém de meus pensamentos errantes

Armo contra mim um pequeno levante

Perco-me, onde está tudo, onde é o chão?