Oferenda
Deixa as mãos cegas
Aprender a ler o meu corpo
Que eu ofereço vales
curvas de rio...
(Paula Tavares, Amargos como os frutos, pg.192, Angola, 1952 -)
Paciência, meu amor, a noite mal começa,
E não conheces, não, a minha geografia,
Sinais que trago em mim, que aos poucos denuncia
A força da paixão na flor da pele impressa.
E deixa as cegas mãos a deslizar sem pressa,
No vale de meu ventre, em sua cercania,
Por entre os seios meus, de leve acaricia,
aprende a ler meu corpo – ainda uma promessa.
As curvas de meu rio, explora devagar,
E vê no leito azul, onde reside o sonho,
Cardumes a subir as ondas do desejo.
Que as tuas duas mãos aprendam decifrar
Caminhos que tracei, no mapa que te exponho,
Que levam ao prazer, sem ter limites, pejo.