Voz e vez

Solitário, num canto, estive mudo,

Por longo tempo, triste de dar dó,

Mas o ataque ferrenho, ao meu escudo,

Desatou no meu peito o cego nó.



E um canto lacerante e pontiagudo

Desencadeou o efeito dominó,

Cortante farpa, em fúria, contra tudo.

Caco de vidro, raiva e sangue só.



Meu verso, impetuoso, na torrente,

Afronta o que aparece pela frente,

Mostrando, a todos, quanto ele é capaz.



E vejo, em tantos anos de omissão,

Calar-me não foi sábia decisão,

Que a voz e a vez a gente vai e faz!


 
Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 22/08/2021
Reeditado em 23/09/2021
Código do texto: T7325898
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