SONETO DE UM TIO MEU...

COMPADECIDO...

Oscar Macedo/RN

Não tendo a quem contar as minhas dores,

ao velho mar me dirigi um dia.

Para aumentar porém meus dissabores,

reconheci que ele também sofria.

Confidente dos homens sofredores,

cobriu-se, ao ver-me, de uma espuma fria

e num gesto de quem confidencia

pôs-se a escutar tranqüilo os meus clamores.

Contei-lhe tudo , confessei as mágoas,

mais profundas, talvez, que suas águas,

mostrei-lhe enfim meu coração dorido.

E o mar que até então ficara mudo,

ouvindo a triste narração de tudo,

pôs-se a chorar de mim compadecido.

Ademar Macedo
Enviado por Ademar Macedo em 11/11/2007
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