SONETO TRISTE
Perdi uma vida, tantas coisas perdi,
Eu perdi os sonetos que não escrevi,
Perdi no silêncio a minha alegria.
E a alma eu perdi da minha poesia...
E a moral eu perdi numa vã injustiça,
Eu perdi a vontade até de escrever;
Perdi a ilusão na enganosa premissa
Que o sonhar no futuro antecipa o viver.
Já não tenho mais sonhos, não sei o amanhã,
Durmo e cordo sem planos, meu guia é o talvez,
Não me importam as flores, nem o amor de Inês,
Ainda vou nesse escuro levando o que posso,
E até o que penso jogar fora de vez.
Mas carrego ainda os meus próprios destroços.