O Regalo do Infante
Quem vendo a majestade do gran’ rei,
Há que não enobreça o seu próprio olhar?
E quem há que conheça sua lei,
Que até dos pés não endireite o seu andar!
Mas quando com o terror me encontrei,
Era o Pai que estava lá a embalar,
No arrolo e no balanço contra o peito
Que o medo faz ao filho sujeitar.
E se as vezes quero ouvir do rei o brado,
Deixo de ouvir do Pai o conselho tino.
Que a coroa sempre de maior grado,
Esconde o pai que dela está cingido.
E se ao rei desejo estar prostrado,
Ao Pai quero eu dar o amor devido.
*Regalo: Ação de repousar, de descansar; descanso, repouso.
*Infante: Título dado aos filhos dos reis de Portugal e da Espanha que não eram herdeiros do trono, já que o trono cabia ao filho primogênito.