Memória
Se se pudesse dissolver da mente
lembranças vis, sinapses de saudade,
noites insones de infelicidade,
quanto de nós seria do presente?
Se diluíssemos qualquer semente
de aflita história e de grave verdade,
ruas, ruídos, restos de piedade...
quem sentiria o que se, agora, sente?
...As frustrações, os íntimos pesares,
tantos registros de grises lugares
aonde fomos ou de onde viemos...
Se na memória nada disso houvesse,
seria um fato de maior benesse?
seria a prova de que não vivemos?