Confissões
(Soneto glosado)
*De meu estado incerto, ou choro ou canto*,
Mas como cantaria, se padeço
Por nunca merecer o teu apreço
Que neste meu viver desejo tanto?
Quisera ter-te aqui no meu recanto
Com esse jeito teu, demais travesso,
A olhar-me, com desejo, desde o avesso,
Enquanto finjo pejo, imenso espanto...
Ah! Meu amor! Quisera ter-te assim
Do modo que sonhei e aqui externo,
e nunca mais sentir tamanho esplim.
Só de pensar, meu bem, me desgoverno,
Confesso amar-te em grego ou mandarim
*E tremo em pleno estio e ardo no inverno*.
Edir Pina de Barros
Academia Brasileira de Sonetistas
Cadeira n. 6 - Cecília Meireles
***
Soneto CCLII - de Petrarca (Abertura)
*De meu estado incerto, ou choro ou canto,*
*Soneto CXXXII - de Petrarca (Chave de Ouro)
*E tremo em pleno estio e ardo no inverno.*
(Soneto glosado)
*De meu estado incerto, ou choro ou canto*,
Mas como cantaria, se padeço
Por nunca merecer o teu apreço
Que neste meu viver desejo tanto?
Quisera ter-te aqui no meu recanto
Com esse jeito teu, demais travesso,
A olhar-me, com desejo, desde o avesso,
Enquanto finjo pejo, imenso espanto...
Ah! Meu amor! Quisera ter-te assim
Do modo que sonhei e aqui externo,
e nunca mais sentir tamanho esplim.
Só de pensar, meu bem, me desgoverno,
Confesso amar-te em grego ou mandarim
*E tremo em pleno estio e ardo no inverno*.
Edir Pina de Barros
Academia Brasileira de Sonetistas
Cadeira n. 6 - Cecília Meireles
***
Soneto CCLII - de Petrarca (Abertura)
*De meu estado incerto, ou choro ou canto,*
*Soneto CXXXII - de Petrarca (Chave de Ouro)
*E tremo em pleno estio e ardo no inverno.*