MORRER COMO A CIGARRA
Estou pensando o que fazer de mim,
Tenho idade avançada. e ainda sonho,
Como planta secando no jardim,
Que, vez em quando, nasce algum retonho.
Cônscio de que meu tempo chega ao fim,
No meu lugar devido ora me ponho,
Confesso que não acho tão ruim,
Nem mesmo, o fim de tudo, acho medonho.
Tenho uma fé que o fim não me apavora
No entanto penso o que fazer agora
Para aguardar o toque do clarim,
Talvez me baste a paz, morrer sem pranto,
Morrer como a cigarra – enquanto canto,
Quero apenas sonhar, morrer assim.
Pitanga, 18/10/2020