Ingrata Vida
Íamos tu e eu por uma estrada:
Estavas tão chorosa e tão doente...
Dizias ser de Deus a filha ausente,
a mais cruel canção que foi cantada.
Eu quis dizer que não. Jamais! Que nada!
Eras daquela estrada a luz latente;
Quase pra ser do sol a irmã contente,
Pronta pra ser da lua a mãe amada.
Mas tu choravas tanto! e não me crias.
Me recitavas tristes poesias
e me ensinavas versos sem ternura.
Por que me tens assim, Ingrata Vida?
– Eu te esperando sempre colorida,
tu me falando tanto de amargura!