Divagando
O que busca o coração cansado de dores tantas
Se não afago na letra rara que desata
Se no vazio da alcova, vela o poeta
Pela imensidão da cama que o mata
O que busca o coração cheio de espaços
Lacunas sofrêgas que o tempo não apaga
Se não aívio do seu ópio entre passos
Perdido em caminhos de outra plaga
Não há lugar porém onde repouse
Nem alma plena que lhe apague a agonia
Que lhe traga algum modesto refrigério
Não há amor pelo qual outra vez ouse
Lançar-se numa nova fantasia
Desvendar no coração, novo mistério