Canção do Segredo
Numa canção que nunca foi composta
Oca de palavras e sem eco musical
Fazer o que não foi feito, o que importa
Deixar na partitura um registo final.
Preencher os tempos em modo devasso
Pigmentar de notas, seduzir compassos
Ter liberdade para cometer pecados
Por serem escassos, para sempre lembrados.
E na força de cada fragmento cantado
Sem existir o certo ou o errado
Bailar, num exercício arriscado.
Delicados e tão frágeis, os bailarinos
Numa história, num círculo de (in)verdade
Não se coibem nos passos, na intimidade.
Com um fogo bem acendido no peito
De desejo, prolongado num beijo
E na sombra o dão...em segredo!