HORIZONTE SOMBRIO

“Soneto alexandrino”

Sendas mais sendas, cruzamentos e cruzamentos,

Não se vêem olhos, muito menos entendimentos;

Mal se ouvem sons e também ninguém dá ouvidos,

Não há passados e, se os há, ficam esquecidos;

Falas, falas é o que mais há, cada hora que passa,

Consciência não a há e, se a há, é sem graça;

Tacto? Ninguém o vê e, se existe, é violento,

O saber, ninguém o quer, mas é-se ciumento;

A mente, se a há, é tão rara, ou é tão pouca

Que, quando ela se manifesta, é porque é louca;

Ai, coração, coração, por onde é que tu andas?

Tua vontade, se a tens, estará por bolandas…

Horizonte sombrio, desumanismo intenso,

Falta quase tudo, porque falta luz e senso…

O Hoje que existe, é mesmo assim que está.

E o Futuro? Se ele existir, quem o saberá?

Os humanos destinos são periclitantes

E os moinhos da vida rodam excitantes,

E nem o quixotismo, p´ lo seu desacerto,

Regenera no mundo o social desconcerto!

Frassino Machado

In INSTÂNCIAS DE MIM

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 24/07/2021
Reeditado em 25/07/2021
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