HORIZONTE SOMBRIO
“Soneto alexandrino”
Sendas mais sendas, cruzamentos e cruzamentos,
Não se vêem olhos, muito menos entendimentos;
Mal se ouvem sons e também ninguém dá ouvidos,
Não há passados e, se os há, ficam esquecidos;
Falas, falas é o que mais há, cada hora que passa,
Consciência não a há e, se a há, é sem graça;
Tacto? Ninguém o vê e, se existe, é violento,
O saber, ninguém o quer, mas é-se ciumento;
A mente, se a há, é tão rara, ou é tão pouca
Que, quando ela se manifesta, é porque é louca;
Ai, coração, coração, por onde é que tu andas?
Tua vontade, se a tens, estará por bolandas…
Horizonte sombrio, desumanismo intenso,
Falta quase tudo, porque falta luz e senso…
O Hoje que existe, é mesmo assim que está.
E o Futuro? Se ele existir, quem o saberá?
Os humanos destinos são periclitantes
E os moinhos da vida rodam excitantes,
E nem o quixotismo, p´ lo seu desacerto,
Regenera no mundo o social desconcerto!
Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM