PORTO DA SAUDADE

Ainda me lembro bem... Olhei-a longamente

aspirando inda uma vez o doce perfume

que exalava de seus cabelos, cujo volume,

em parte, recobria seu colo resplendente!

Ela dormia qual virgem pura, indiferente

ao corpo inteiramente à mostra; da base ao cume!

E os seus cabelos tinham da noite o negrume

a contrastar com a sua pele alvinitente!

Se o tempo é passado a memória inda é presente,

pois sempre os vejo balançando ao salvo vento,

na tarde ornada de dourada claridade!

Ah! eu bem me lembro sim... Olhei-a longamente,

mas embarquei na ingrata nau do olvidamento,

para atracar no amargo porto da saudade!

Midi: Olividame

Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 09/11/2007
Reeditado em 04/05/2011
Código do texto: T730645
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