DENTRO DO VAGÃO, NUM PENSAMENTO VAGO...
Fico imaginando aquele pensamento indecifrável,
Apenso ao olhar distante e incompressível,
Enquanto permaneço num silêncio inviolável,
Mais uma vez ponderando o todo indizível.
Há só uma razão, enquanto ela se oculta,
Na densidade de sua própria sombra e neblina?
É certo que essa incerteza apenas resulta,
Na famigerada dúvida que tanto me fulmina...
Devagar, deixo de divagar, acato os espaços,
— As medidas essenciais desta atra pandemia.
A máscara falha em mascarar aqueles belos traços,
Que resplandecem em sua própria cosmogonia.
Exposto à recusa, à intempérie, não me atrevo,
Resta-me a escrita, por isso apenas escrevo.
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Thiago S. Sevla
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*Inspirei-me na estrutura do soneto shakesperiano.