Confissões
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
(Aquela, Hilda Hilst)
Quisera ser aquela – a que, na vida, esperas –
mas sou igual a flor que é própria do cerrado,
que nasce sobre o pó do fogo já passado,
temente de paixões, de sonhos e quimeras.
Quisera ser submissa e ser, também, deveras,
aquela que te espera e sonha ter-te ao lado
eternamente amor, o corpo abandonado,
cravado em tua tez, como no muro as heras.
Seria muito bom querer-te desse jeito,
sempre a esperar por ti nas sedas de teu leito,
com lingerie azul, bordados sobre rendas.
Que pena eu ser assim! Também não ser aquela
que vive ao lado teu, feliz, atenta e bela
sempre a esperar por ti, nos seios, lábios, fendas...
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
(Aquela, Hilda Hilst)
Quisera ser aquela – a que, na vida, esperas –
mas sou igual a flor que é própria do cerrado,
que nasce sobre o pó do fogo já passado,
temente de paixões, de sonhos e quimeras.
Quisera ser submissa e ser, também, deveras,
aquela que te espera e sonha ter-te ao lado
eternamente amor, o corpo abandonado,
cravado em tua tez, como no muro as heras.
Seria muito bom querer-te desse jeito,
sempre a esperar por ti nas sedas de teu leito,
com lingerie azul, bordados sobre rendas.
Que pena eu ser assim! Também não ser aquela
que vive ao lado teu, feliz, atenta e bela
sempre a esperar por ti, nos seios, lábios, fendas...