Noite, vida e morte

Sangrei a carne vil e aturdida

Cor cúrcuma, púrpura inglória

Calei a alma podre, empobrecida

Dum pesar pesado sem vitória.

Levei a sombra branca da injúria

Deixei a farta lama enegrecida

No parto de si mesma, enfurecida

Vertida em córrego de lamúria.

O pranto que secou fez tempestade

O meu corpo, dantes morto em verdade

Agora vive e refila a própria dor.

A pele negra, como noite sofrida

Aspiro ter novamente noutra vida

E escrever na luz da pele o amor.

Aflora la Fora
Enviado por Aflora la Fora em 21/07/2021
Reeditado em 23/03/2022
Código do texto: T7304315
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