Noite, vida e morte
Sangrei a carne vil e aturdida
Cor cúrcuma, púrpura inglória
Calei a alma podre, empobrecida
Dum pesar pesado sem vitória.
Levei a sombra branca da injúria
Deixei a farta lama enegrecida
No parto de si mesma, enfurecida
Vertida em córrego de lamúria.
O pranto que secou fez tempestade
O meu corpo, dantes morto em verdade
Agora vive e refila a própria dor.
A pele negra, como noite sofrida
Aspiro ter novamente noutra vida
E escrever na luz da pele o amor.