QUANDO A TRISTEZA PROCURA A RIMA
(Para o poeta Fcunha lima, por seu
soneto DE PORRE.)
Quando a noite, do fim se aproxima,
Hora em que o vinho toma a direção,
Soltam-se as amarras da emoção,
Que é da poesia a matéria prima.
A tristeza procura sua rima,
A lágrima já de prontidão.
Um lápis aparece em sua mão,
E um guardanapo completa o clima.
Um raio de sol, já é quase dia,
O sono abranda sua agonia,
O tronco sobre a mesa, relaxado.
E no guardanapo deixado ao lado,
Todo o sentimento anotado,
Numa ata, em forma de poesia.
=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=
DE PORRE
Em noite de saudade e de tristeza,
Quando a garrafa me faz companhia,
Sendo o apoio até o novo dia,
Minha verdade ali, por sobre a mesa.
Garrafa também cheia de incerteza,
Minha cabeça tão cheia de agonia,
Esse era o espaço que me pertencia,
Enquanto a noite brilhava de beleza.
Agora a tal garrafa chega ao fim,
A noite passa a debochar de mim,
Mostrando ao mundo que estou de porre.
Finda o silêncio a taça se quebrando,
A lágrima mostra que estou chorando,
E a taça sem bebida seca e morre.
Fcunha lima