Sem título
Às vezes, já cansado, sinto o vento
Dos versos que vieram desmembrados,
Recolho os pedacinhos rechaçados,
Registro, intensamente, o pensamento.
Não sei se neste ciclo nevoento
Terei mantido aqueles declamados,
Mas sinto que algum dia recordados
Serão parte de mim no sentimento.
Com a vitória deste inverno escuro,
Levava à mente escritos sem futuro,
Não vinha, desde outubro, a inspiração.
E agora, dentro em mim, a poesia,
Qual brasa antiga que no peito ardia,
Deságua em cada indício de emoção.