O ASSASSINATO DO POEMA

O poema foi assassinado, olhem!

Choremos ao ver seu corpo no asfalto,

Choreis, pois fora tomado de assalto

Por um vil poeta possesso, chorem!

Neste crime passional, é verídico

O luto e o pesar de seu assassino,

Que debalde busca em pulso franzino

De morto, o doce compasso do Ritmo.

A Rima, sua amante, em desespero

Jogou-se sobre o poema defunto

Sendo prima e dona do amor primeiro.

Mas "só" vagava o poema pelo mundo

E a Estética a buscar o paradeiro

Do esposo que a deixara, moribundo.