ETERNOS

Confortado no abraço, embebido em ternura,

enalteço o esplendor de um semblante tranquilo,

alimento visões, devaneios asilo

no dardejo de ardume que os olhos perfura.

Passarinho refém de agradável planura,

atravesso vergel perfumado, aniquilo

o furor da ambição embalada e me exilo

no refúgio do amor, transformado em pintura.

Saboreio contigo as belezas do mundo

e do méleo manjar ofertado me inundo,

sem poder mensurar emoções convergentes.

Quando o tempo fizer da cansada matéria

rebotalhos na argila, acolhendo a miséria,

na eternal dimensão chegaremos contentes.