DEMÊNCIA

Ainda forte, do perfume, um traço

alumbra sonhos, sem pudor, inflama

meu desconsolo, deixa vivo o drama

de devorar as ilusões que enlaço.

Ao percorrer a negridão do espaço

entre amargura e languidez, na cama,

meu coração demente não reclama

de sucumbir perante o terno abraço.

Renascem lumes nesta rude cela,

constelações bordadas na janela

ateiam logo sensações carnais.

Chega um sorriso, cintilante e ameno,

trazendo mais do divinal veneno

quando incandesce o quarto, nos vitrais.