Soneto apressado
Hoje sou o ontem, o ontem passado,
o amanhã sou eu hoje, futurando
o depois, já de mim, se aproximando
e a tarde, agora, é o cedo avançado.
Agonia de um tempo trasloucado,
o hoje no amanhã se transfomando
com o Sol, ligeiro, mergulhando,
pra Lua ver o meu hoje passado.
O amanhã é, do hoje, o futuro,
o ontem ficou em cima do muro
para ver se o futuro lhe interessa.
Assim, o tempo não para de correr
atrás de quem, bem devagar quer viver,
ou de quem vive pra morrer de pressa.
Josérobertopalácio