CESTRUM:
A dama da noite
Ficou noite todinha, soluçando
Sozinha na sequidão de uma estrada
Seu pranto era visto e sentido de longe
Pois, podaram-na de arbustos que a cercava
Desprotegida cestrum, a dama noturna
Perfumada em jasmim
Cadê seu jardim?
A flor, continua chorando!
Parecendo ocaso fadado ao léu
Sem estrelas chispando, apenas nuvens pesadas
A dama da noite copiosa soluça
Esquecida, a sentir-se abandonada
Se pudesse falar, falaria
E se assim o fizesse, por certo até gritaria
Desengana-se, se prostra definhando no breu!
De modo nenhum será em vão seu clamor
De suas lágrimas apiedam-se, pássaros e anjos do céu
Sem a flor perceber, um clarão agiganta o espaço
Faíscas se lançam, estrelas desfilam em carrossel
Pelo encanto sublime, a magia acontece
Entre nuvens sombrias, a lua aparece
E o que eram tão somente, choros e lamúrias
Transformam-se agora em risos perfumados de amor!