PARADOXO DO TEMPO 4/6

PARADOXO DO TEMPO IV

26 junho 2021

Para Marey, que buscou na realidade (*)

Uma forma de o tempo dissociar,

O tempo existe, sim, a nos vigiar

E está presente na materialidade,

Que o tempo ele armazena, de verdade,

Pela fotografia, no seu registrar

De frações de segundo ao perpassar,

Interminável, pela humanidade.

Mas realmente, é tão só no pensamento

Que o registro desse armazenamento

De tempo pode ser feito ou não se pode,

Sendo o tempo tão só a contração

Do pensamento em sua representação

Dessa coisa que existe e nos sacode.

(*) Étienne-Jules Marey, 1850-1904,

Inventor do cronofotógrafo.

PARADOXO DO TEMPO V

Caso a memória seja algo de especial,

Como queria Freud e nas neurais

Redes se expanda, nesses cabedais

De células nervosas, em uma natural

Armazenagem de um fluxo vital,

Enfatizando os momentos capitais,

Ou esquecendo aqueles que não mais

Nos despertem interesse principal,

Então como encontrar na gravação

Permanente das correntes memoriais,

Esse fluxo de tempo derradeiro?

Só nos resta pensar que a transição

Que chamamos de tempo são fatais

Disposições da vida em passadeiro.

PARADOXO DO TEMPO VI

Só o que é certo é que o tempo nos perpassa

De forma diferente e individual;

Para uns corre de forma mais social

E para outros mais lentamente passa;

Não é precis0 pensar que mal nos faça

Essa passagem do tempo natural,

Para entendê-la de um modo mais real,

Não porém quando a encaramos com mais graça;

Se já nascemos com tempo demarcado

Para que acabe assim o nosso tempo,

Ou se tudo é questão de puro acaso,

Se o fluxo do tempo é contratempo,

Se nosso tempo é só um desejo raso

De vivermos além do que é esperado.