MORTAL LABIRINTO
A luz sonolenta da tarde ao recinto
transmite o que o tempo soturno pressente
das vidas futuras do agora doente,
com sóis devorados num fosso faminto.
E feito zumbi num mortal labirinto,
aos giros perdidos em trevas, a gente,
às cegas, rabisca o invisível presente
tentando acertar pelo incerto do instinto.
Desejam canteiros que enfeitam a espera
da mais radiante e sublime alegria.
Ah, querem demais as manhãs primavera!
Contudo se apagam raiares do dia.
Confirma-se o fecho que o amargo revela:
sucumbe a esperança na foice agonia.