PANDÊMICO
A nuvem escura e lenta se arrasta
ao peso desses dias tão sofridos.
A serra que encarcera meus sentidos,
decreta a dura pena, em chuva vasta.
Os pingos precipitam qual ginastas,
rasgando, um a um, sonhos vencidos.
Na face cavam rios desabridos
que a fé navega e pra longe se afasta.
A tempestade, da alma, carpideira,
do desespero é velha passageira.
Viagem sem retorno rumo ao fundo.
A água, essência da viva matéria,
se esparrama feito letal bactéria...
Não sei se choro eu, ou chora o mundo!