O MAR NÃO ESTÁ PRA PEIXE
A onda fere a rocha qual verruma,
No seu entrechocar-se infinito;
A cada choque a pedra solta um grito,
Que, abafado, mergulha na espuma.
Ao longe, corta as ondas a escuna,
Manobra evitando o monólito.
De todos dentro dela um só fito:
Tirar daquele mar sua fortuna,
Mas o mar é um padrasto sovino,
Engenhoso, astuto e ladino,
Raramente se deixa enganar.
A morte interrompe a pescaria,
Só terror, sofrimento e agonia,
É o prêmio que lá vão encontrar.