soneto da compaixão
quando o olhar acolhe
transbordando no outro
tanto a dor secreta quanto
o sol que ainda não nasce
o silêncio que não fala o ódio
que reverbera vingança (esta
justiça falsa incompleta) o medo
no menino que não foi amado
desejo diferente cicatriz na palavra
o abuso no lugar do abraço e o espinho
onde a flor desabrochava a ternura
que existe e se fecha a coragem
se tornando crueldade mas o sol
nunca morre e espera a sua aurora