A ARTE
Se a minha apenas é imitação,
Deixe que eu mesmo queime os papéis,
Para que não insultem aos menestréis,
Causando em sua voz só rouquidão.
Um pintor quase perdeu a razão.
De seu quadro ouviu críticas cruéis,
Queimou as telas e os velhos pincéis,
E as cinzas jogou em um lixão.
Ao ouvir dizer que nada se cria,
Que neste mundo tudo se copia,
Resolvi jogar água no rastilho.
É demais o que a arte nos cobra,
Para nós, um poema é como um filho,
Jamais destruiremos nossa obra.