QUANDO AINDA HAVERIA AMANHÃ

Sob a sombra gentil da mangueira,

um casal afagava seu filho;

prenda lírica, onírica, idílio

era sua criança trigueira...

Parecendo fazer brincadeira,

entre as fendas de folhas qual trilho,

os raiares do sol, com seu brilho,

derramavam a fé prazenteira.

E o casal, apesar da pobreza,

entregava-se àquela nobreza

de esperança infantil, folgazã.

Mas um tiro levou-lhe o menino!

Rasga a falta do antigo destino,

quando ainda haveria amanhã.