Pássaro ferido

V iver assim, no inverno da esperança,
I ndiferente à vida, que declina,
D esencantada, alheia à própria sina,
A pós amar sem pejo, igual criança.

F erida, feito um pássaro que dança, 
R evoa na fumaça e se alucina, 
I ntimamente só – triste menina -
A pós dias de luz, de paz, bonança.

S em asas para o voo em liberdade,
E nsaia a queda livre na saudade,
M ais triste do que o fim, que adiante a espera.

S em mais sonhar com céus opalescentes,
O u cores irisadas dos poentes,
L ogo se entrega à morte, essa pantera. 



Edir Pina de Barros
Cadeira n. 6 – Cecília Meireles
Academia Brasileira de Sonestistas - ABRASSO
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 04/06/2021
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