Soneto Torto

Os meus ouvidos são minha medida.

Os meus poemas são meus sentimentos...

A minha voz reverbera nos ventos

Que trazem dores na infame partida...

Minhas palavras são pedra e cimento...

Trago no peito a fumaça da vida...

Rasgo a garganta da Besta erigida

Sob o Poema vazio e cruento...

Não temo chegar no Reino das Feras

Ou onde os ardis e falsos poetas

Escrevem sonetos crassos e mortos...

Os meus ouvidos são duas panteras

Que não se assustam com letras excretas

Mas tremem e choram em versos mui tortos...

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Gustavo Valério Ferreira
Enviado por Gustavo Valério Ferreira em 04/06/2021
Reeditado em 04/06/2021
Código do texto: T7271378
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