DE DOMINGO A DOMINGO
Clamando, em vão, um prato de comida,
assiste o povo passando apressado.
A indiferença caminhando ao lado.
Desprezo e fome, parceiros na vida.
Não são carros ou ternos alinhados,
falsas certezas no supérfluo erguidas,
mas a desigualdade, ímpia ferida,
a consumi-lo qual faz o pecado.
Nem é por si toda aquela revolta,
que por vezes vai, mas que sempre volta.
É pelo que jaz, anjo decaído!
O sono eterno, embusteira esperança.
Presente inútil, da mãe à criança,
o seio, dado ao filho adormecido.
*Interagindo ao soneto Tardes de domingo do poeta Fernando Belino.