DE DOMINGO A DOMINGO

Clamando, em vão, um prato de comida,

assiste o povo passando apressado.

A indiferença caminhando ao lado.

Desprezo e fome, parceiros na vida.

Não são carros ou ternos alinhados,

falsas certezas no supérfluo erguidas,

mas a desigualdade, ímpia ferida,

a consumi-lo qual faz o pecado.

Nem é por si toda aquela revolta,

que por vezes vai, mas que sempre volta.

É pelo que jaz, anjo decaído!

O sono eterno, embusteira esperança.

Presente inútil, da mãe à criança,

o seio, dado ao filho adormecido.

*Interagindo ao soneto Tardes de domingo do poeta Fernando Belino.

Fonseca da Rocha
Enviado por Fonseca da Rocha em 04/06/2021
Reeditado em 26/09/2021
Código do texto: T7271180
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