SÓIS PARALELOS
SÓIS PARALELOS I – 1º JUN 2021
O Sol se põe mais cedo nas cidades
e já se ergueu mais cedo. Suas muralhas
cobrem réstias iniciais de luz sem falhas,
do crepúsculo a apressurar opacidades.
No verão, menos denotam-se essas veleidades,
mas cresce a fumaceira em maravalhas,
de escapamentos a sair como navalhas,
dando incremento às periculosidades.
No atual período o clima faz-se estranho,
um pouco é quente e noutro faz-se frio,
o das residências em oposição ao exterior,
assim um dia abro a janela para o banho,
no outro a fecho, evitando um calafrio,
na pelúcia das toalhas a deixar o meu calor.
SÓIS PARALELOS II
Mas se sorrís, como teus olhos bailam!
Têm seu lampejo cálido e inocente,
que me denota a impressão frequente
de réstias puras de um virginal presente.
Na comissura dos lábios se resvalam
pequens dobras de estranhas formosuras,
percebo em tais sorrisos coisas puras,
de uma novel alvorada em cinzeluras.
Assim te vejo, a sorrir quase menina,
qual nos caprichos de alguma adolescente,
sem discernir tua verdadeira idade,
numa beleza quase peregrina,
meu próprio olhar refletindo translucente
de teu olhar a luminosa intensidade!...
SÓIS PARALELOS III
Assim o Sol nunca adormece inteiramente,
sempre que chegas para bem perto de mim,
jamais vejo opacidade em tal jardim,
de teu olhar o florilégio é permanente,
sempre da época do ano independente,
outra é a mudança que se percebe assim,
mesmo em desânimo não murcha teu jasmim,
o teu sorriso branda luz traz permanente.
Só quando dormes contemplo essas muralhas
das pálpebras cerradas em corrente,
suas levadiças sendo os cílios alongados;
porém do sono, quando se mostram falhas,
em teu olhar me banho, complacente,
sem nada opaco em tuas vistas descerradas.