FANTASIA

Na casa tosca e pobre a mesa parca,

coração cheio e mãos sempre vazias...

fartura de ilusões e fantasias

no reino em que, soberbo, eu fui monarca!

Por sobre a areia fina dos meus dias

o tempo deslizou deixando a marca,

sulcos profundos que o meu pranto encharca

quando o passado volta em noites frias!

Como era doce a antiga brincadeira...

meu trono: um simples banco de madeira,

e de esperanças meu castelo eu fiz!

Hoje, à mercê da vida que me afronta,

já não sou mais o rei do faz-de-conta...

já não sei mais brincar de ser feliz!

* * * * * *

Nota: Este soneto foi vencedor, 3º lugar, entre 1.775 inscritos no “Concurso de Sonetos Vinícius de Moraes” promovido pela TV Educativa do Rio de Janeiro, canal Futura, em set. de 2003